quarta-feira, 12 de junho de 2013

Escolher uma direcção

Uma ratinha num boraco, debaixo da terra devia cavar para saír do mau passo. Ela cavou para sul durante três dias, depois refletiu e cavou para o norte. Ao fim dum tempo, ela esbarrou com dificuldades e escolheu de cavou para o oeste. Cavando nesta nova direcção, ela interrogou-se se para o este não seria o mais apropriado. Ela foi então cavar para o este. Estenuada e sempre no mesmo ponto, a ratinha morreu sem saír do seu boraco. 

Hoje, com demasiadas informações nós vamos para vias multiplas e ensinos aremendados. Os estilos “completos” e tradicionais não são suficientemente brilhantes e demonstrativos, dando nascimento a “novos estilos” bem pobres, muito mais bonitos...

As vias antigas cobriam todos os aspectos da prática e muitas vezes aspectos da vida. Para que essas vias se perpetuam, é necessário com o mesmo professor ou mestre durante longos anos. Era necessário “mergulhar” na prática como num precipício, num abandono total. Hoje se um DVD dum professor vos agrada, vós ides encontrá-lo e “comprar-lhe” o seu saber. Vós podeis comprar também os seus livros ou os seus vcd e aprender na sua casa no seu sofá entre dois episódios de “operação sedução”...

A simplicidade apparente da transmissão do saber das artes internas levanta alguns problemas :

- A maior parte dos professores actuais são pesquisadores ou praticantes, não peritos, mas é necessário ganhar dinheiro...

- Toda a gente pode pretender tudo o que se lhes agrada a partir do momento em que há uma coleção suficientemente grande de DVD, VCD ou K7 vidio...

- Os Sparrings, competições e fantasmas colportados por filmes, desnaturam os conceitos do combate marcial.

 “Uma só vida, uma só via”, dizia o meu professor. É importante dar-se tempo para decidir se sim ou não fazemos esse mergulho; mas depois é necessário cavar até ao fim para não acabarmos como o pobre roedor da história contada mais acima.

Nos estilos tradicionais, todas as facetas do combate, da saúde e da energia estão incluidas. Conhecía-se os limites do seu estilo e os perigos das práticas. O acumular de várias práticas que vêm  de tradições e com os seus effeitos diversos não pode ser são para o corpo e o espírito. Fazer de “o externo para a saúde e o interno para a saúde” é uma frase idiota, não se pode fazer um pouco de isto ou daquilo, isso não é possível. Os métodos de desenvolvimento das qualidades do praticante pedem demasiado tempo de investimento para poder ser repartidos conforme os dias da semana.

Certas vias são identicas mas têm nomes diferentes, por causa das suas delocalisações ou do mestre tendo escolhido de renomear a prática. Nesses casos, é evidente que não há problema.

Rebuscar à direita ou à esquerda, procurar mais do que praticar, estar sempre na aprendizagem e nunca na prática (ver a espera), eis os perigos da nossa época para os praticantes sinceros. Nao é necessário mentir-se e ser claro sobre as necessidades e os fins...finalmente o que é que se quer?

Levar tempo e ir ao fundo da via, se temos a sorte de ter um mestre competente, é creio a melhor solução. Praticar um pouco de desporto num espirito lúdico é também muito interessante mas fora do sujeito aqui. No caso onde nós estamos procurando um professor, a vida saberá conduzir-nos para a via, mas é necassário ainda não se estar muito ocupado a cavar...

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